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14.3.15

BUZZFEED Aponta Paramore como um dos principais motivos do continuo sucesso da Fueled By Ramen

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A gravadora do Paramore, Fueled By Ramen, está quase completando 20 anos no universo musical. Por isso o site Buzzfeed fez uma matéria em que coloca o Paramore como a principal motivo do sucesso da gravadora nos ultimos 10 anos. Hayley Williams deu seu depoimento para o elaborador da matéria, Luke Winkie, e provou que o Paramore está satisfeito com seu contrato e não busca fazer parte de nenhuma outra gravadora, já que a Fueled By Ramen entendeu instantaneamente o que o Paramore procurava no mundo da música. Confira!

A Fueled By Ramen, assim como a maioria das gravadoras, começou em um dormitório. Em algum lugar em Gainesville Rock City em 1996, o jovem John Janick assinou um contrato com o baterista da banda Less Than Jake, Vinnie Fiorello, e a maior empresa pop-punk do centro-norte da Flórida nasceu. Os primeiros clientes? The Hippos e The Impossibles, bandas que você só conheceria se, como Janick e Fiorello, estivesse no ramo.

“Nós estávamos operando em uma sala quadrada de 45 metros, talvez menos, com beliches e CDs na minha mesa,” disse Janick pelo telefone, de Los Angeles, onde ele vive agora. “Eu ia para o apartamento do Vinnie para fazer encomendas pelo correio. Foi uma época interessante, e talvez um pouco ingênua.”

A Fueled By Ramen teve seu primeiro sucesso quando assumiu o EP auto-intitulado de 1998 de um grupo do Arizona, chamado Jimmy Eat World. Vendeu o suficiente para que a nova gravadora conseguisse dinheiro para comprar seu primeiro escritório em Tampa, e isso serviu como um sinal do que ainda estava por vir. Eventualmente, a gravadora indie da Florida se tornaria um grande sucesso. Foi quando o Fall Out Boy ficou famoso, vendendo 250.000 cópias de Take This to Your Grave em um período de dois anos. Gym Class Heroes e Panic! At The Disco viriam depois, e permanecem contratados até hoje.

Mas a Fueled By Ramen não deveria estar morta agora? Nós já vimos esta história antes. Uma gravadora que marca época e vai dos trapos à riqueza com uma parceria inteligente e um repertório muito bom – engolindo qualquer coisa popular que exista no momento até que sua marca se torne sinônimo do próprio gênero musical. Basta trocar o lápis de olho dos garotos por drogas e corpos largados em balcões de hotel, e seria exatamente a mesma coisa que aconteceu com gravadoras gigantes como a Factory ou Death Row. Se há algo que aprendemos com gravadoras icônicas, extremamente específicas, é que o trem não roda para sempre. Suge Knight está falido e preso; The Haçienda se tornou um apartamento novamente. Por alguma razão estimável, a Fueled By Ramen deveria estar chafurdando, caindo, ou absolvida – é assim que a história deveria terminar.

Mas não foi assim que aconteceu. A Fueled By Ramen continua a prosperar. Os sucessos dos anos 2000, Fall Out Boy e The Academy Is… foram substituídos por uma geração mais jovem, mais dinâmica de bandas como Twenty One Pilots e fun. Isso mesmo, fun. – a banda que ganhou um monte de troféus por Some Nights – é da Fueled By Ramen. O Paramore, ícone da Hot Topic há muito tempo, provou do verdadeiro, transcendente sucesso com seu álbum auto-intitulado de 2013, gravando seu nome nas rádios populares, e tornando Hayley Williams uma convidada especial da música do Zedd, “Stay The Night”. O Gym Class Heroes continua na TV, sua mãe escuta Young The Giant – o registro da Fueled By Ramen continua gerando influência no rock moderno.

Isso não significa pouco em 2015. A Fueled By Ramen pode nunca conseguir escapar de sua fase emo-pop, mas você não conseguiria inventar algo de mesmo cunho que eles e que conseguisse permanecer relevante por tanto tempo. Isso se deve, em parte, pela gravadora ter se tornado uma filial da Warner Bros., e por ter conquistado os críticos do punk. Mas isso, assim como tudo que Janick inventou, parece que nunca irá acabar.

“Nós queríamos ter certeza de que não haveriam limites para nossos artistas, ao mesmo tempo em que queríamos manter nossa cultura independente,” disse Janick. “Haviam outras gravadoras recrutando artistas com alegações como, ‘Ah, você está sendo explorado pela Fueled By Ramen, eles não têm recursos o suficiente.’ Para mim, era mais sobre ser uma gravadora com laços mais profundos com seus artistas, onde conseguiríamos construir a fundação como uma companhia grande para levá-los ao topo.”



Esse ambiente foi o que impressionou uma garota de 15 anos do Meridian, Mississippi, que gritava suas gargantas para fora em uma banda chamada Paramore.

“Eu me lembro de ter me encontrado com John em uma das franquias da Cheesecake Factory,” disse a vocalista Hayley Williams, do Paramore, via email. “Eu estava com nosso empresário, Mark, e fazia alguns shows acústicos no Taste of Chaos 2005. Nós falamos sobre o cenário musical e onde eu pensava que o Paramore se encaixava nisso. Eu fiquei muito feliz de estar entrando em uma gravadora que entendia o que eu queria. Eles não me viam como uma resposta para o sucesso de Avril Lavigne. Eles sempre entenderam quem o Paramore era. Quem nós éramos. Isso significa muito para uma criança de 15 ou 16 anos.

O Paramore carregou a bandeira da Fueled By Ramen por anos, conduzindo-se com o tríptico sangrento de All We Know Is Falling, Riot! e Brand New Eyes, três dos melhores álbuns da década emo-pop já produzidos. Mas depois, por volta de 2010, a bolha estourou. Dois membros do Paramore saíram e foram à procura de uma grama mais verde em outros lugares; o Fall Out Boy saiu da gravadora para entrar na Island; e o Panic! At The Disco parecia estar chegando ao fim de sua era de atração principal do VMA. Como todas as gravadoras sabem, isto fazia parte da maldição. Eventualmente, a cultura pop segue em frente, e o som pelo qual você é conhecido se torna muito menos interessante. Mas Janick se adaptou. Provavelmente com a mais importante assinatura da história da Fueled By Ramen, ele registrou o fun.

“Eu tentei registrar o Nate (Ruess) quando ele tinha 18 anos e estava na The Format,” disse Janick. “Mas ele entrou na Elektra. Isso foi quando nós estávamos na Flórida e não tínhamos muito dinheiro. Cinco anos depois, conseguimos a parceria com a Warner e o Nate ainda estava no sistema da Warner por meio da Elektra – eu tentei trabalhar com ele, mas ele se afastou para fazer seu próprio trabalho. Mas na terceira tentativa, ele começou a fun., e finalmente conseguimos fazer um negócio com ele. Ele é um de meus amigos mais próximos agora. Eles passaram um ano e meio tentando descobrir como o Some Nights seria, e se tornou um dos maiores álbuns daquele ano.”

A Fueled By Ramen ainda tem um punho de ferro em uma parte específica da indústria – desde Jimmy Eat World até Fall Out Boy até Paramore até o fun. – por seus 20 anos no ramo como companhia. Isso definiu gerações, e nunca alienou seu núcleo de audiência. É difícil pensar em uma gravadora que tenha sido tão persistente.


Mas ainda assim, apesar de seus grandes poderes, no momento em que a Fueled By Ramen provou que conseguiria permanecer com todos os artistas, o Janick saiu. A força empreendedora primária da companhia, o homem que se tornou um ícone no cenário musical, que sentou no Cheesecake Factory para assinar um contrato com Hayley Williams, estava abandonando o barco depois de seu possível maior sucesso.

Janick agora é diretor executivo da Interscope, e trabalha com todos, de Kendrick Lamar até Lady Gaga. Pela primeira vez na história, a Fueled By Ramen não estava em suas mãos.

“Eu estou tentando fazer com que a gravadora siga em frente, estou tentando fazê-la crescer, mas ao mesmo tempo, eu estou pensando em como o John construiu essa marca incrível e tudo o que eu quero fazer é não estragar tudo,” disse Mike Easterlin, atual diretor da Fueled By Ramen. “Você tenta não congelar e não pensar demais em tudo, mas às vezes, não há nada mais que você possa fazer.”

Easterlin trabalhou ao lado de Janick por anos, e tinha o que era necessário para reinar na Fueled By Ramen em 2012. Ele parece apropriadamente consciente do desafio que é se tornar o pai adotivo de uma gravadora com um legado tão grande, mas também entende como deve seguir em frente. Se o fun. provou alguma coisa, é que a Fueled By Ramen é totalmente capaz de reviver sua reputação de Warped Tour.

“Havia um pensamento de que a FBR era uma gravadora qualquer no lugar de uma marca popular moderna com dezenas de hits,” disse Easterlin. “O primeiro pelo qual eu passei foi com o Young The Giant, que estava na Roadrunner, e The Devil Wears Prada, que estava na Fueled By Ramen. Eu pensei ‘Espere um momento, vocês deveriam trocar de gravadora’, mas eu estaria mentindo se eu dissesse que o Young The Giant não se preocupava. Eles ainda viam a gravadora como uma qualquer, apesar do gigante sucesso do Paramore e do fun. Eu tive que convencê-los de que, naquele momento, o que eu queria era impulsionar a gravadora.”

Alguns meses depois, Easterlin perguntou ao Janick o que ele pensava do progresso da gravadora. Sua resposta? “Eu estaria fazendo exatamente o que você está fazendo.”

É uma filosofia que está exemplificada no álbum auto-intitulado do Paramore, que foi o primeiro lançado pela Fueled By Ramen durante o legado de Easterlin. Pop, animador e enérgico, é todo sobre coisas que você ama sobre a banda, mas agora em destaque no Clear Channel. Ele ganhou um Grammy como melhor canção de rock, derrotando Jack White e The Black Keys, e se tornando o primeiro da carreira do Paramore. Depois de uma década de incubação, o Paramore deu grandes passos na nova era, pós Some Nights, da Fueled By Ramen.

“Eu tentei permanecer na minha posição,” disse Janick, pensando em seus últimos anos da Fueled By Ramen. “Eu assisti gravadoras que estavam em um cenário específico, e eu não quero dizer que elas morreram, mas elas não continuaram tão relevantes por causa do cenário em que estavam presas, que não era saudável. Para mim, não era sobre ser uma parte do cenário punk, emo ou pop-punk, era sobre ser culturalmente importante e transitório de uma forma que parecia natural.”

Depois de tudo isso, a troca de liderança, relatórios de missão e associações, a Fueled By Ramen conseguiu manter seu núcleo de influência junto. Paramore, Panic!, Gym Class Heroes, e até mesmo o inédito Cobra Starship. Em uma indústria que se baseia em valores de negociação, a Fueled By Ramen cuida do que é seu.

“Nós temos um núcleo de 9 ou 10 pessoas que trabalham aqui, e no fim deste ano nós contamos com 14 ou 15 artistas, e é só isso,” disse Easterlin. “Nós queremos que todos se sintam como parte de uma família. Uma banda que estamos contratando disse, ‘Vocês parecem gostar muito uns dos outros.’ Nós somos irmãos e irmãs, nós queremos uma relação pessoal com nossas bandas, e porque somos pequenos, nós conseguimos focar de verdade em cada um deles. Eu gosto de pensar que temos uma situação única aqui.”

“Aconteceram muitas mudanças, e eu sei que é muito normal na indústria, mas nós nunca tivemos uma razão para deixar a FBR,” disse Williams. “Nós gostamos da história que há ali. Eles sempre acreditaram em nossa visão para o futuro e eles também conhecem nossas raízes. É ter muitas pessoas na equipe com as quais crescemos. Nós gostamos do lembrete de onde nós viemos. É bom poder compartilhar histórias e dizer ‘lembra quando…?’ com algumas dessas pessoas. Sem mencionar que a FBR também gravou muitos álbuns legais e fez parte da experiência de muitos adolescentes que gostavam dessas músicas. Mesmo que seja uma ideia distinta do punk ou não, para mim, o fato de que dois fãs do punk construíram uma gravadora a partir de seu dormitório na faculdade significa algo, e eu tenho orgulho de fazer parte disto.”



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